Sindicato critica escolha de PM para chefiar presídios do RJ

O coronel Marco Aurélio Santos assume a Seap
Foto: Philippe Lima / Divulgação
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RIO — O Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio vai pedir ao governador em exercício Cláudio Castro que reveja a nomeação do coronel da Polícia Militar Marco Aurélio Santos para a chefia da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap). Santos foi escolhido para substituir o também coronel Alexandre Azevedo de Jesus, que estava no cargo desde janeiro de 2019. Nas redes sociais, o novo secretário se identifica como “palestrante motivacional”.

A escolha de Santos, publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial, contrariou um ofício enviado pelo sindicato ao governador no fim de setembro, que cobrava a designação de um agente da Seap para o cargo. No documento, o presidente da entidade, Gutembergue de Oliveira, afirma que a gestão efetiva da pasta já é feita por servidores de carreira e que a categoria vê como um demérito a opção por quadros estranhos à Seap. Oliveira diz que vai buscar apoio de deputados estaduais para reverter a nomeação.

 

— Os coronéis vêm há muitos anos dominando esse espaço. O que nós queremos é só um tratamento igualitário. A Polícia Civil é dirigida por um delegado, a Polícia Militar por um coronel PM. Queremos que o governador siga essa mesma lógica na Seap — diz.

Ele cita as dificuldades do sistema penitenciário, que, segundo ele, tem 53 mil presos e sete mil agentes, um déficit de 1.800 funcionários, enquanto seguidas denúncias de corrupção acontecem no órgão. A mais recente foi a prisão, em outubro, do ex-subsecretário adjunto de Infraestrutura Rafael Rodrigues de Andrade por supostos desvios de recursos na compra de alimentação dos presos. Para Gutembergue, é preciso uma ruptura no comando da pasta. No site da categoria, eles ressaltam que, desde a criação da Seap, quatro coronéis foram secretários, sendo que dois foram presos e um afastado por decisão judicial.

Escolhido para o comando da Seap, o coronel Santos estava no cargo de subsecretário de Comando e Controle da PM. Foi comandante do 15º BPM (Caxias) e do 30º BPM (Teresópolis), além do 7º Comando de Policiamento de Área. Nas redes sociais, no entanto, Marco Aurélio se apresenta como “palestrante motivacional” e, até janeiro deste ano, publicava semanalmente vídeos relacionados à atividade, com conselhos e mensagens sobre realização pessoal e “autoliderança”. Em algumas publicações, aparece fardado dando palestras em Teresópolis, onde comandou o batalhão entre março de 2017 e janeiro de 2020.


DENÚNCIA ARQUIVADA


O gosto de Santos pelas palestras e pelas câmeras o levou a ser alvo do Ministério Público Estadual numa acusação de possível campanha eleitoral antecipada, com a utilização das redes sociais do 30º BPM para promoção pessoal. O procedimento, instaurado em setembro de 2019 com base em uma denúncia de uma suposta candidatura nas eleições deste ano, acabou arquivado. Santos não concorre a qualquer cargo eletivo.
Procurado, o coronel não respondeu aos pedidos de entrevista. O governo do estado também não comentou as reivindicações do sindicato dos servidores da Seap.


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