Captura e recaptura de presos, a origem

Foto: Divulgação/Reprodução da Internet. 

“In memórian” e honra aos precursores na atividade de recaptura de presos, iniciada na década de 40 na extinta Colônia Penal Cândido Mendes.

 

Foi no extinto Instituto Penal Cândido Mendes (antiga Colônia Penal), na Ilha Grande, que surgiram os pioneiros na atividade de recaptura de presos foragidos do Sistema Penitenciário, ainda no tempo do Estado da Guanabara.

Mar aberto, farta vegetação, mata fechada, rochas, montanhas, praias e cavernas naturais, esse era o cenário onde atuavam, a pé, no trabalho de “bate mato”, os primeiros servidores de recaptura de presos foragidos. As equipes “Volante” e Diligência eram formadas, em sua grande maioria, por servidores que residiam na Ilha Grande, entre a Vila Dois Rios e Vila do Abraão.

Fundamentais para a segurança dos moradores da Ilha Grande e operacionalidade da Segurança no Sistema Penitenciário da época, não bastava apenas o ímpeto, eles possuíam conhecimento capaz de rastrear os presos foragidos, seja pelos sinais deixados na mata e nas praias, como pegadas e galhos quebrados, seja pela expertise adquirida com os guardas mais antigos do que eles, seja no enfrentamento de emboscadas e armadilhas montadas por caçadores, seja no patrulhamento feito com as lanchas.

Polivalentes, os guardas da Colônia Penal desenvolviam o trabalho de segurança e vigilância em diversos setores, tais como do trabalho dos presos na agricultura e lavoura, do corte de lenha, da manutenção de estradas e pontes, das oficinas, cozinhas, além das galerias de celas. Essas equipes eram utilizadas também para resguardar a segurança das Colônias de pescadores que residiam nas praias e que eram suscetíveis a sequestros por presos fugitivos para os levarem até o Continente.

A equipe Volante se embrenhava na mata, e a equipe Diligência era encarregada de se deslocar nas praias, sempre em dupla. Eles contavam com importantes apoios para a realização da atividade. Quer na rede de comunicação telegráfica, desempenhada pelo servidor Cosme José Martins, carinhosamente como Mazinho; seja da Companhia de Polícia Militar do 4º CIPM, que tomava conta dos muros; seja da equipe do Salvamar, no envio de embarcações como a Tenente Loretti, responsável pela distribuição das equipes Diligência em pontos estratégicos das praias. Bem como, no transporte de suprimentos e no recolhimento das equipes e dos presos recapturados que ficavam sob a vigilância e custódia dessas equipes 24 horas.

Havia, também, o apoio aeropolicial com utilização do helicóptero da Polícia Civil, que contribuía para o sucesso da missão. Várias vezes essa recaptura se deu já no Continente, algumas vezes em Angra dos Reis, com fugitivos tentando embarcar em ônibus. Outras vezes em Mangaratiba, com fugitivos saindo da lancha com destino à Rodoviária. Houve recaptura, também, dentro de ônibus, na Estrada Rio Santos.

Embora não tivessem a mesma estrutura material das equipes de hoje, se desdobravam para cumprir a missão, e cumpriam com louvor.  Naquele tempo, não havia a comodidade do aparelho de telefonia celular, menos ainda os recursos de internet que acelera qualquer comunicação e diminui a distância entre a atitude e a ação.

 

Por todo empenho e dedicação, os precursores da atividade de recaptura não podem ser esquecidos. Valorizar a gloriosa ação desses bravos guerreiros a bem do serviço é valorizar o início de tudo. Valorizar esse passado é manter viva a história, é fortalecer o presente e manter a construção do futuro com força e honra.

 

Entre os “antigões” da Recaptura destacam-se: Zaqueu Pereira (que aprendeu a atividade com o pai dele e assumiu a chefia da função); Leoveral Pinto de Andrade (pai do Mário); Sebastião Xavier (Mat 130); Valdir Jordão (Mat. 800.000); Décio Francisco de Oliveira (pai do Décio); Luiz de Oliveira, Mat. 111.966 (pai do Pimenta); e Seu Didi.

Na foto, da esquerda para a direita, Leoveral Pinto de Andrade (pai de Mário Eduardo de Andrade) e Zaqueu Pereira, Chefe da Captura de presos na Colônia Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande.

Na foto: o falecido companheiro Crispim Ventino (esq.) e Mário Eduardo de Andrade (dir.) em ponto estratégico da praia, para missão de recaptura de presos. Crispim Ventino morreu em acidente automobilístico junto com outros dois guardas e um preso, quando o veículo onde estava bateu de frente numa carreta, ao retornar de missão no SOE. Mário Eduardo, atual inspetor de Polícia Penal, permanece na ativa. Atualmente, lotado na equipe de Revista do Grupamento de Portaria Unificada, no Complexo Penitenciário de Gericinó.

Entre os remanescentes, destacam-se Antônio Cordeiro da Gama (Mat. 1.145.242-2); João Pereira (Mat. 176.417-4); Celso Pereira (Mat. 176.276-4, filho do Zaqueu); Hotair da Silva Souza (Mat. 176.451-3); Benedito Fontela Brandão (Mat. 237.371); Luiz Antônio Pimenta (Mat. 230.029-1); Cosme Gilmar de Souza; Gilmaurio Ferreira (Mat. 192.5529-6); Manoel Benedito Braz (Mat. 237.385-0); Lincoln Nascimento de Souza (Mat. 230.015-0); Neivaldo da Silva Oliveira (Mat. 237.385-0); Renato da Silva Chagas (Mat. 237.391-8); Gilson Marcos Varejão dos Santos (Mat. 237.389-2); Jeferson da Silva (Mat. 237.387-6); Mário Félix de Oliveira (Mat. 230); Sebastião Décio de Oliveira (Mat. 237.382-7); Antonio Monteiro de Barros (Mat. 237); Alcebíades Ramos de Oliveira (Mat. 237); Romildo Santos de Souza (Mat. 192); José das Chagas Madureira (Mat. 237.372-8); Carlos Alberto de Paula (Mat. 192.476-0); Mário Eduardo de Andrade (Mat. 230.030-9 (ATIVO); Constantino Vieira Cokotós (Mat. 237.390-0 (ATIVO) lotado na Coordenação Grande Rio); Cláudio Mariano (Mat. 192.502-3 (ATIVO) lotado no Hospital Dr. Hamilton Agostinho Vieira de Castro, no Complexo Penitenciário de Gericinó);

 

Na foto: entre as embarcações Coronel Nestor Veríssimo, Lima 39, Lima 31, e a Tenente Loretti. Gigante no trabalho de transporte dos guardas, suprimentos e presos, além do apoio na distribuição e recolhimento das equipes de recaptura nas praias da Ilha Grande e de presos recapturados. Ao lado, uma equipe do Salvamar e Constantino Vieira Cokotós, à época com cerca de 3 anos de idade. Mais tarde ele se tornou mestre da lancha Loretti, seguindo os passos do pai, Constantino Cokotós.

Na foto: Da esquerda para a direita, Evanir, Gilson, Manoel Ramos e Fiuza.

No apoio destacamos Natalício José Martins; Evanir de Carvalho Vargas; e Constantino Cokotós (que chefiou a base do Salvamar da Ilha Grande por, aproximadamente, 60 anos).

Luiz de Oliveira (guarda de presídio), pai do inspetor de Polícia Penal veterano Luiz Antônio Pimenta.

Documentos de 1953 e 1979, em diferentes momentos de elogios pela captura e recaptura de presos foragidos do Presídio da Ilha Grande.

Após a desativação do Instituto Penal Cândido Mendes, vários desses servidores atuaram em Presídios no Complexo Penitenciário de Gericinó, como o Instituto Penal Vicente Piragibe (adaptado para receber os presos da Ilha Grande), e na Penitenciária Industrial Esmeraldino Bandeira. Inclusive, em recaptura de presos e mediação de conflitos em rebeliões. Naquele tempo a atividade penitenciária era desempenhada por todos, em todas as funções, traduzindo-se numa grande união e companheirismo.

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Elisete Henriques

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