Somos o que refletimos e isso vai além da imagem exposta, é de dentro para fora. Se uma fotografia fala mais que mil palavras, é preciso considerar que as palavras têm mil formas de serem interpretadas e que toda interpretação depende de um contexto. A leitura de uma imagem, portanto, sempre vai esbarrar na construção que cada um fará de si mesmo, ainda que sob a análise do olhar do outro. Um dia eu cheguei a pensar que teria o poder de fazer minhas palavras serem entendidas exatamente como eu queria as expressar, mas descobri que esse é um processo que depende de fatores outros, independentes do meu querer, desejo ou vontade.
Embora possamos inferir como a visão se dá, não somos meramente o que os outros veem na foto. Somos, na verdade, o resultado de nossas ações e reações, palavras e atitudes, ainda que as consequências demorem a aparecer. Mas quem se importa como somos ou seremos vistos pelos outros? Ou como estamos sendo vistos na foto? Essa resposta vai depender da maturidade, serenidade e alteridade do olhar de quem consegue nos ver.
Também vai depender da construção que cada um fará ao longo de sua própria jornada, na referência e identidade que pretende marcar, no cuidado com as atitudes, na sinceridade das palavras e do olhar, no empenho prestado ao trabalho ou à missão, no respeito empregado em si mesmo e nos outros que o veem, no vocabulário utilizado, e até no silêncio necessário em momentos que exigem absoluto equilíbrio emocional.
Reconheço que muitas vezes sou impulsiva e dependendo da situação posso, num breve momento, ser capturada pela necessidade de marcar posição. Mas, em meu atual trabalho de comunicação, aprendi com meu presidente que o primeiro momento nem sempre é o melhor para responder e, confesso, o equilíbrio dele às vezes me irrita. No entanto, no mundo laboral em que atuamos, é justamente esse equilíbrio emocional que faz toda a diferença, porque nessa ambiência as trevas já soam alto demais.
A todo o momento ele me lembra de que podemos ser luz em qualquer situação ou lugar, porque cada um de nós tem o poder de escolher o que irá exaltar. A capacidade de observar os acontecimentos de forma racional e serena evita os estados mentais negativos, já a cólera impulsiona atitudes prejudiciais e danosas a si mesmo e aos outros. A ausência de equilíbrio emocional implica em falta de ética, já o exercício de uma liderança responsável não permite excessos.
CONGREGAR E ORGANIZAR
Fazer sindicalismo é congregar e organizar trabalhadores de uma mesma categoria para a defesa de seus interesses econômicos e sociais. Só existem duas formas de se fazer sindicalismo: com equilíbrio emocional ou sem ele. Abusar de um discurso chulo, recheado de excessos e ofensas, incentivos irresponsáveis e palavras que as pessoas querem ouvir imediatamente aos seus desejos particulares, ainda que tudo aponte para o inexequível, para o excesso, para o desastre, é uma forma de condução adotada por quem se pretende oposição sem avaliar as consequências, prejuízos ou danos a terceiros.
De outro lado temos o sindicalismo da ponderação, diálogo, estratégia, ações cirúrgicas, amadurecimento, responsabilidade e equilíbrio emocional. Nesse sentido e por essência, um líder sindical deve reunir características que vão muito além da dialética e carisma. Entre as virtudes não pode faltar a capacidade de enxergar as várias interpretações de um mesmo fato e as diversas consequências que sua condução pode gerar.
De certo mesmo é o fato de que não adianta querer mostrar luz aos cegos ou falar aos surdos. No máximo, eles podem ser conduzidos se assim o permitirem.
Por: PPERJ Elisete Henriques, Diretora de Comunicação/SindSistema Penal RJ
Av. Treze de Maio, n°. 13 – sala 709 Cinelândia, Rio de Janeiro
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