PGE-RJ DESAPROVA PROCESSO DAS “COZINHAS HUMANIZADAS” DA SEAP

Apesar de salientar o necessário atendimento de todas as observações feitas pela Assessoria Jurídica da Seap, o Procurador-Chefe da Coordenadoria do Sistema Jurídico da PGE/PG-15, do Estado do Rio de Janeiro, Bruno Boquimpani Silva, emitiu visto divergindo da viabilidade de prosseguimento da licitação referente à contratação de serviços para a construção de 20 (vinte) prédios do Projeto “COZINHAS HUMANIZADAS” da Seap. Além de desaprovar o Parecer nº. 252/2023/SEAP/ASSJUR/DT (56141113), emitido pela Procuradora do Estado, Danielle Tufani Alonso, no Processo SEI-210045/000566/2022.

Em seu parecer, a Procuradora Danielle Tufani Alonso já havia condicionado a viabilidade do procedimento licitatório ao atendimento de recomendações que definiu como “relevantes”. Entre as quais:

– A imprescindibilidade de aumento significativo no quantitativo de inspetores de Polícia Penal nas Unidades Prisionais (UPs) eleitas, para que seja possível organizar o fluxo dos privados de liberdade sem comprometer a segurança das referidas UPs;

– Maior efetivo de servidores para realizarem a vistoria dos alimentos nas portarias das UPs, em razão do ingresso de uma grande quantidade de insumos destinados à alimentação dos presos;

– Observação do perfil dos presos e das características arquitetônicas das unidades prisionais eleitas, inclusive as de Segurança Máxima, com vistas a estabelecer se o funcionamento das “Cozinhas Humanizadas” não fragilizará a segurança, tornando as UPs incompatíveis com o projeto;

– Inexistência de parecer conclusivo da Subsecretaria de Gestão Operacional, quanto à viabilidade operacional do projeto, uma vez que o Subsecretário Operacional enfatiza e reitera a falta de efetivo de Policiais Penais para o atendimento da demanda sem que isso afete a rotina de segurança da unidade prisional;

Boquimpani expôs diversas razões que revelam a impossibilidade de deflagração da fase externa da licitação da maneira como está o processo. “Com efeito, as deficiências verificadas na fase preparatória reclamam a adoção de uma série extensa de providências da Secretaria de origem, mediante reavaliações e reforço de instrução, que impedem o prosseguimento da licitação no atual cenário”, exarou em seu parecer.


DEFICIÊNCIAS DESDE O PANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO

O Procurador-Chefe da PGE-PG15 faz um questionamento que reforça o divulgado pelo Sindicato na matéria “Conivência da secretária de Administração Penitenciária com projeto milionário colocará em risco policiais penais”. Boquimpani indaga sobre quais as diferenças relevantes entre o atual modelo de fornecimento de refeições à população carcerária, hoje em forma de “quentinhas” preparadas externamente, transportadas e entregues nas unidades prisionais, para o novo modelo que propõe “o preparo com o fornecimento de refeições prontas transportadas refrigeradas, produzidas com tecnologia Cook & Chill, que serão distribuídas em balcões térmico” (sic). O Procurador-Chefe destaca, que no processo NÃO é informado o custo direto e indireto do atual serviço de refeições, para comparação; NÃO é esclarecido o POR QUE esta tecnologia específica seria imprescindível ao serviço. Tampouco, o processo explica POR QUE seria necessário promover a construção de dez refeitórios com cozinha, ao custo estimado de R$ 78 milhões, para implantá-la em detrimento de outras alternativas.

“Nota-se da descrição que as refeições continuariam sendo preparadas externamente e transportadas, parecendo diferir do atual modelo apenas que serão refrigeradas e distribuídas em balcões térmicos”, destacou a PGE.

Para além de todas as observações feitas, Boquimpani destacou incongruências relevantes, o necessário esclarecimento do corpo técnico da Seap do por que as plantas dos projetos e as planilhas orçamentárias foram elaboradas antes mesmo da concepção do ETP e do Projeto Básico, fato que pode revelar falha grave de planejamento, além da falta de vistorias técnicas nas Unidades Prisionais selecionadas para o projeto, e as fragilidades em delegar o projeto executivo ao contratado.

Sobre as Minutas de Edital e Contrato, Boquimpani apontou incorreções em relação a alterações na minuta-padrão do edital, que deverão ser consideradas quando de sua reelaboração. Entre outros esclarecimentos solicitados, o Procurador-Chefe relatou o equívoco verificado na definição do prazo de execução da obra e a remoção do item que veda a antecipação de pagamentos sem a readequação para, expressamente, prever essa proibição.

Diante de tantas incongruências, o Procurador-Chefe da Coordenadoria do Sistema Jurídico da PGE/PG-15 deixou de aprovar o parecer e retornou o processo à origem para ciência e providências.


CASA “ARRUMADA

Secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel em recente entrevista ao Programa “O Poder nos Bastidores”.

A secretária de Administração Penitenciária Maria Rosa Lo Duca Nebel defende a narrativa de que “arrumou a casa”, referindo-se a supostas soluções que implementou. No entanto, Maria Rosa parece arrumar ao reverso. A secretária não cumpre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para o chamamento dos concursados, e, consequentemente, procrastina a realização do Teste de Aptidão Física (TAF) acordado junto à Comissão de Servidores Públicos da Alerj; não demonstra atuação efetiva para a realização de novo concurso e o necessário reforço do efetivo funcional que sofre pelo grande déficit de servidores; não defende a paridade no pagamento da GVP de 18% para os veteranos da categoria; além de atribuir à ajuda de Deus a proteção dos policiais penais que trabalham no limite do caos nas unidades Prisionais do Estado do Rio de Janeiro.

Além de não se observar, na atual gestão da Seap, ações efetivas para a solução de precariedades como o transporte de policiais penais que trabalham em Campos, Itaperuna e Sul Fluminense; a resolução no processo de aumento do quantitativo de RAS que se arrasta desde 2020; a dilação na providência quanto ao uniforme, distintivo e carteira funcional da categoria; o desarranchamento dos policiais penais com a desvinculação do processo de alimentação dos presos, entre outras necessidades. O que se vê é muita mídia e pouca ação prática para a melhoria da operacionalidade e da qualidade de vida do servidor do Sistema Penitenciário Fluminense.

Pior ainda, quando o assunto é o cuidado com a saúde mental dos policiais penais. As ações se mantém no campo do discurso, apesar do esforço de alguns policiais penais que se dedicam em ações de ajuda pessoal, falta o envolvimento do órgão de Estado, a exemplo do Seguro Coletivo de Vida e Benefício Indenizatório dos Policiais Penais que não é renovado há anos.

Em contraponto a tudo isso, a gestão agrava a demanda de trabalho dos servidores da pasta, com implementações como a “Cesta de Custódia” e a autorização para o Projeto “COZINHAS HUMANIZADAS”, apesar de sua flagrante inviabilidade e ciência do baixíssimo efetivo funcional nas turmas de plantão 24 horas nas Unidades Prisionais. Prova disso, as diversas deficiências encontradas no processo geraram a desaprovação da PGE à viabilidade do projeto das referidas cozinhas.

Afinal, o que seria “a casa está arrumada” para a secretária de Administração Penitenciária? Arrumada para quem? Enquanto isso, a poeira dessa “arrumação” asfixia os policiais penais.

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