Apresentadores do Jornal BandNews Rio (Rádio FM) insistem na veiculação de matéria de cunho leviano, ao insinuar que são os presos das facções criminosas que definem a movimentação do efetivo carcerário no Sistema Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro.
Numa sonora “distorcida”, veiculada no Jornal BandNews Rio, um suposto denuncista parece querer demonstrar que possui vasto conhecimento, e informações “privilegiadas” da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária. Como se fosse alguém que atuou muito de perto das rotinas das unidades prisionais, que domina dados tais como: quantitativo de presos acautelados, perfil dos criminosos, especificidades dos estabelecimentos prisionais.
Pior, alguém que se julga apto a articular as movimentações de presos “da maneira como deveriam acontecer”. Dono da receita para resolver as mazelas históricas do Sistema Penitenciário, e, ansioso por voltar “in statu quo res erant ante bellum”.
Na construção desastrosa da matéria, com clara intenção de fragilizar a atual gestão, a desinformação e o arranjo são práticas bem conhecidas da imprensa marrom. A falta de cuidado e zelo no “dever de casa” e na apresentação da notícia são tão flagrantes que chegam a veicular o nome do ex-secretário David Anthony Gonçalves Alves como o atual secretário de Administração Penitenciária, quando a categoria tem pela primeira vez um policial penal à frente da pasta. Na verdade uma mulher, uma policial penal.
Sobre a “conversa” que teria sido travada, em janeiro de 2021, pelo miliciano (supostamente morto) Garça, durante a transição do comando da Seap, após o vitorioso movimento #ForaPMs, que culminou com a exoneração do Cel. PM Marco Aurélio dos Santos, do cargo de 01, onde um antigo grupo conspirava na tentativa desesperada de retornar aos postos estratégicos da Secretaria, é despudorado veicular o nome completo de um policial penal unicamente pelo fato de ter sido citado em conversas telefônicas, cujo conteúdo não apresenta nenhuma prova de seu envolvimento nas referidas articulações.
Conjugar uma rotina de movimentações do efetivo carcerário, com uma acusação de “conivência com milicianos”, suscitada a partir da prisão recente de policiais penais, policiais militares (e busca e apreensão contra uma delegada de Polícia Civil), acusados de “ligação com a maior milícia do estado”, demonstra uma nova tentativa midiática de “fritar” a gestão da Seap.
A matéria traz alegações calcadas em conversas telefônicas que ocorreram um ano e três meses atrás, para tentar manchar uma gestão que tem pouco mais de um mês de atuação. De onde vem essa construção? O nexo temporal entre as conversas telefônicas e a nomeação da atual secretária não guardam nenhuma relação. Parece óbvio que, mais uma vez, apresentadores do Jornal BandNews Rio mostram-se complacentes com denúncias sem provas, cuja finalidade é enfraquecer os gestores atuais e, com isso, criar a tempestade perfeita para retornar um casino comandado pelo crupiê, que roda a roleta no seu ritmo e tira seu “partido” da jogatina.
Durante a veiculação da matéria, sem nenhuma ética, expõe-se repetidas vezes o nome de um policial penal, sob o qual não pesa nenhuma punição, tampouco nenhum ato que desabone sua conduta. Ao mesmo tempo que tenta se eximir ao dizer que “isso tudo está sendo investigado e levantado”, “precisa de provas”, o apresentador faz a execração pública do servidor, baseado em suposições.
Qual a origem das acusações lançadas, senão a fala de denuncista? É dessa falta de responsabilidade que nascem perguntas retóricas induzidas e que nada respondem, tampouco esclarecem sobre a complexidade do Sistema Penal Fluminense. “Influência forte hoje da milícia na Secretaria”? “Quantas fiscalizações foram feitas no presídio da milícia esse ano”? “Quantas apreensões de celulares e de outros objetos foram feitos no presídio da milícia”? “Negligência e complacência”? “Pouco que se faz”?
As perguntas corretas não são essas. As perguntas a serem feitas são: O quantitativo de policiais penais empregados nas operações de revista nas unidades prisionais do Estado é suficiente para coibir diversos ilícitos e operacionalizar as proibições? O efetivo funcional nas turmas de plantão é suficiente para o cumprimento das responsabilidades inerentes às Unidades Prisionais?
Os apresentadores do Jornal BandNews Rio, Rodolfo Schneider, Agatha Meirelles e Carlos Briggs deveriam ser mais zelosos em suas apurações, antes de veiculá-las irresponsavelmente, a exemplo da menção feita por Ágatha, que sequer soube investigar quem está no comando da pasta.
Cobram rigor, mas desconhecem as próprias informações que repassam. Alegam que não se trata de acusação, que “apenas o nome dele (servidor) foi ventilado pelo miliciano, e por um agente penitenciário”, mas repetiram o nome do policial penal cinco (5) vezes num espaço de sete (7) segundos. “Então, através dessa função é possível saber antecipadamente todas as operações das polícias Civil, Federal e Ministério Público (…). Só um dado”, dissimulam minimizar, numa mentira sobre o alcance do cargo, reforçando uma suspeição e impondo um peso criminoso ao trabalho desse policial penal.
Como vivemos numa sociedade em que a imprensa livre é um instrumento imprescindível ao Estado Democrático de Direito não devemos demonizá-la, mas como na frase do político Adlai Stevenson: “A imprensa separa o joio do trigo. E publica o joio”. O Jornal BandNews Rio divulgou o joio, ou seja, o que não presta. Para esse tipo de imprensa, a verdade é um detalhe. Não precisa ser apurada.
Estamos em busca do trigo não divulgado, já que parte da imprensa tem preferido alimentar seu público de algo parecido com a verdade. Para alguns veículos de comunicação o joio é utilizado como meio de incendiar a reputação de pessoas. Preferimos o trigo, pois enquanto esse serve como alimento, o joio serve para queimar. No caso da matéria, pelo desrespeito às regras básicas do bom jornalismo, o quanto de joio separado e divulgado pelos apresentadores pretendeu queimar a atual gestão.
Aos apresentadores uma dica, antes de veicular acusações sem provas e faltar com o devido respeito, na tentativa de ridicularizar a policial penal secretária, e, por consequência, a categoria, precisam na verdade apurar de fato as informações prestadas ao público, de forma imparcial e circunspecta, porque já basta de tantos denuncismos falsos e levianos que ocupam o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.