Falácias repetidas. Interesses escondidos

Quem é o conselheiro do Governador para assuntos penitenciários? Pelo visto, o conselheiro ou os conselheiros do Governador apontam, não para solucionar ou minorar o problema do Sistema Penitenciário, mas para beneficiar interesses de grupos e colher seus dividendos.

Os últimos governos estaduais fluminenses têm tratado o Sistema Penitenciário como a galinha dos ovos de ouro. Criam projetos, cujas justificativas têm sempre um cunho “humanitário” ou de maior segurança para os cidadãos. Apelam para justificativas hipócritas e insensatas.

Como construir uma unidade prisional de segurança máxima no interior do Estado?!

Com a premissa de que Bangu I não cumpre mais esse papel, o Governador deixa claro que desconhece (ou finge desconhecer) como é regido esse mecanismo de transferência de preso para presídio federal. O argumento do Governador é raso e contraproducente. Bangu I é a unidade mais segura do Sistema, basta dar a ela o papel para o qual foi criada. Sem contar que está dentro do Complexo de Gericinó. Duvido o Governador criar em qualquer lugar no Rio de Janeiro uma Unidade com mais segurança do que Bangu 1.

Percebe-se, claramente, que o negócio não é tratado com a seriedade devida. O governador disse que pretende industrializar unidades prisionais no interior do Estado com mão-de-obra carcerária, mais uma vez com o discurso ressocializador. Ora, é o Estado criando reserva de mercado para ‘empresários amigos” lucrarem. O governo socializa a despesa com a sociedade e privatiza o lucro com os amigos. Sérgio Cabral deve ser o conselheiro de Cláudio Castro. No governo dele fez uso dessa prática com a Induspan e outras empresas. Como ficam os milhares de desempregados que buscam um emprego formal?! Terão que delinquir, serem presos, para assim concorrerem a uma vaga de trabalho na prisão?

O governador falou e não convenceu! E isso ficou evidente, pois deu a uma simples solução, uma complexidade que não existe, para justificar sua “boa intenção”. Decretou que a finalidade para a qual foi criada a unidade Bangu I deixou de existir, pela sua visão equivocada ou dissimulada do problema. 

Como a frase de Oscar Wilde, “as boas intenções têm sido a ruína do mundo”.

O Governador, ao projetar uma “invencionice” dessa monta, parece copiar o projeto de presídio vertical do ex-governador Witzel. Ambos projetos têm algo em comum: Surgem de “ mentes brilhantes”, com argumentos que, aos olhares de leigos, parecem bem-intencionados, contudo viciados desde a origem. Não se sustentam, pois sempre serão confrontados com a realidade de um sistema que sofre, justamente, por ser regido pelos interesses financeiros que projetos dessa natureza carregam.

O presídio vertical anunciado pelo ex-governador Wilson Witzel em 04/02/2019, com custo do projeto estimado, inicialmente, entre R$ 60 milhões e R$ 80 milhões, inspirado no Complexo de Detenção de Manhattan, em Nova Iorque. A “boa intenção” era construir o presídio com nove andares, capaz de alojar 5.000 presos “sem ligações com facções criminosas”. A utopia foi rechaçada, porque totalmente desconectada das reais condições e necessidades do sistema penitenciário fluminense.  

O Governador põe a carroça na frente dos bois. Fala também em criar 20 mil novas vagas. O Governo não tem feito o dever de casa. O sistema penitenciário opera com déficit de mais 2.400 policiais penais e servidores da área técnica. Diante da crise contínua de um sistema caótico, surge uma oportunidade de “resolver” o problema. Não do sistema, mas daqueles que regem recursos públicos e dão a eles o destino que lhes aprouver. O sistema que se dane!

Presídio de Segurança máxima no interior do Estado e Refeitórios Humanizados, com o estado de coisas no Sistema Penitenciário Fluminense, deixa qualquer ingênuo desconfiado. Nada convencerá um conhecedor do assunto, dadas as condições atuais do sistema, do crime e dos criminosos, que tais projetos cumpram os propósitos alegados pelo governador.

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