Deu na mídia. O Jornal BandNews Rio 2ª edição veiculou, na terça-feira (11/04), matéria cujo conteúdo informado pela Secretaria de Administração Penitenciária não condiz com a verdade.
Diz a matéria que os “Presídios do Rio vão contar com cozinhas onde detentos vão produzir as próprias refeições”. Na fala da secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel o projeto vai “contemplar presos de bom comportamento que vão passar por processo de capacitação”, e que “a iniciativa tem o objetivo de possibilitar que os presos trabalhem e tenham uma atividade, quiçá uma profissão, para produzir a própria alimentação”.
Também deu na mídia, em matéria publicada pelo Jornal O Globo, que o “Estado pretende substituir quentinhas por cozinhas e refeitórios onde os presos do Rio produzirão suas próprias refeições”. Ainda, segundo a secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel, a ideia é melhorar a qualidade da alimentação, ao mesmo tempo em que tira os custodiados (presos) da ociosidade.
Ora, na verdade, a comida não será produzida na cozinha, uma vez que chegarão congeladas às unidades e passarão por processo de “regeneração” para “parecer fresca”. O texto do projeto é claro ao destacar a decisão de “suprimir o preparo das refeições nas dependências da cozinha, reduzindo a demanda de construções complexas e equipagem de cozinhas industriais e reduzindo o dispêndio de tempo para conclusão do processo”. Conforme documento abaixo.
Conheça a íntegra do projeto no link 👇⤵️
https://drive.google.com/file/d/1wiFddODvUXhDp3hWJthF8SYkvCIkTGzL/view?usp=share_link
Ou seja, além de ser uma grande mentira que o preso vai produzir as próprias refeições, na verdade, a pressa que se tem é para finalizar a obra. O que a secretária não informa é que uma das unidades prisionais contempladas com a instalação da cozinha e refeitório “humanizado” é a Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho (Bangu 3B), barril de pólvora, palco de uma rebelião em 2002 que extinguiu a cozinha da Penitenciária. Atualmente, Bangu 3B possui efetivo carcerário de 990 presos (principais lideranças da facção criminosa Comando Vermelho) e média de 5 (cinco) policiais penais por turma de plantão.
A Secretaria de Administração Penitenciária vive de remendos. Essa ideia é somente uma metamorfose dos esquemas anteriores da alimentação. Atualmente, o orçamento anual da Seap para o serviço de alimentação é de, aproximadamente, R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta milhões de reais).
A frase do escritor italiano Giuseppe Tomasi de Lampedusa no seu romance Leopardo, se encaixa perfeitamente com a pretensa “mudança” anunciada pela Seap. “Tudo deve mudar para que tudo fique como está.”
Além de uma falsa mudança, o projeto visa abocanhar alguns milhões de reais com suplementação do orçamento, para a construção das instalações. Isso tudo com um nome sugestivo e bonito de “Refeitórios Humanizados”. Difícil é a ingestão de projeto dessa natureza, dadas as peculiaridades do Sistema Penitenciário Fluminense. O efeito digestivo será nocivo aos cofres públicos e aos policiais penais que ficarão com o ônus de operacionalizar esse serviço. Até lá, os idealizadores certamente já terão auferido suas vantagens.
Av. Treze de Maio, n°. 13 – sala 709 Cinelândia, Rio de Janeiro
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