Os policiais penais foram apontados como responsáveis por uma tragédia anunciada.
Falar sobre a história de Durval Monteiro no Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro demandaria muitas e muitas páginas dignas de uma biografia editada em vários volumes.
Durval Monteiro participou de todas as lutas desta categoria, desde sempre.
Discreto, sem vaidades tolas, Durval Monteiro era um dos poucos de nossa categoria que tinha toda a legislação do servidor público, Resoluções e Portarias do DESIPE e da SEAP, direitos e deveres gravados na memória.
De caráter inquestionável, retidão inabalável e personalidade forte, Durval Monteiro foi peça-chave em muitos momentos dramáticos de nossa classe.
Há quatro décadas, aproximadamente, nosso sindicato passou por uma crise institucional e desordem administrativa de tal magnitude que teve de sofrer intervenção de toda a categoria. Forçado pelas circunstâncias, e aclamado em Assembléia, Durval Monteiro assumiu o cargo de Interventor do sindicato. Colocou tudo em ordem, reestruturou todo o sindicato e organizou novas eleições.
Todos confiavam nele!
Trabalhou em Bangu 1, custodiou presos políticos no Esmeraldino Bandeira, foi Chefe de Segurança numa das cadeias mais perigosas do Sistema na época: a famosa Milton Dias Moreira, conhecida também como Setor B, na Frei Caneca, tendo o Comando Vermelho como custodiado.
Durval Monteiro era temido por sua caneta. Sempre baseado na legalidade, e sempre intolerante com aqueles que humilhavam a nossa categoria, Durval Monteiro “escreveu” Diretores Gerais do DESIPE, promotores, deputados estaduais e muito mais.
Quando Corregedor, cargo que ocupou por pouco tempo, cumpria rigorosamente a legalidade, e quando via que o erro atingia poderosos do Sistema, não se acovardava, e os chamavam para depor, ora como testemunhas, ora como réus. “Todos são iguais perante a Lei”, dizia.
Sua fama se espraiou.
Quando das rebeliões em Bangu 3, com inclusive a morte de um dos Agentes do SOE, e perda de toda a cadeia para os presos, a Vara de Execuções Penais criou um grupo de trabalho para examinar as causas de tantas rebeliões naquela Unidade. Durval Monteiro foi convidado pela VEP a fazer parte desta comissão composta por juízes e promotores.
Neste relatório, Durval Monteiro comprova com fotos, perícias e documentos que a culpa de se ter chegado àquela situação era de muitos, mas, em nenhuma das hipóteses, dos Agentes Penitenciários que lá trabalhavam, vítimas de descasos rotineiros e da incompetência dos gestores públicos.
Durval Monteiro fez muitas defesas de colegas em Inquéritos Administrativos eivados de vícios, e nunca cobrou nada por isso.
A sua categoria era a sua segunda família.
Durval Monteiro foi respeitado e admirado por todas as diretorias que o nosso sindicato teve. Durval era uma referência de honestidade e retidão de caráter. Foi admirado pelos seus companheiros e temido pelos inimigos de nossa classe.
Filho de Dona Maria José, uma católica praticante, e do Seu Waldir, teve como esposa de toda vida a sua inseparável companheira, a Dona Ieda Rosa, já não mais entre nós. Desta união, foram abençoados com os filhos José Carlos e André Luis, seus netos Isabella, Natália, Mateus e Carolina, e seu bisneto Dante.
Durval Monteiro nos deixa um legado de dignidade, bravura e dedicação a nossa categoria, sua valorização e reconhecimento. Foi uma perda irreparável a sua partida.
Desejamos paz e serenidade neste momento de dor aos seus familiares.
Av. Treze de Maio, n°. 13 – sala 709 Cinelândia, Rio de Janeiro
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