SIM ao RESPEITO, NÃO À OPRESSÃO E SUAS SEQUELAS!

Por: Gutembergue de Oliveira, Policial Penal, presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado do Rio de Janeiro.

Ao governador cabe a chefia do governo do Estado. Ele pode nomear e exonerar a qualquer tempo por questões políticas quaisquer dos seus secretários, sem que, necessariamente, precise expor os motivos.

Vemos, no caso da SEAP, uma particularidade. Agentes políticos com interesses na Secretaria, tentam impor ao governador uma mudança no comando da pasta que faz uma administração muito bem avaliada aos olhos de parte significativa dos policiais penais, gostando ou não minoritário segmento da própria categoria.

Por quê realizar uma mudança, justamente contra a vontade dos policiais penais?

Quais interesses estariam rondando e tentando impor essa mudança?

 

A SEAP foi, desde a sua criação, fonte de corrupção que levou alguns dos seus gestores à prisão. Corrupção que alcançava e aplicava aos presos e servidores tratamento equivalente. Ambos eram vítimas da opressão de alguns gestores e o exemplo estava, até pouco tempo, estampado na qualidade da alimentação servida tanto a um quanto ao outro.

Mas, sabemos que o oprimido por vez se torna o opressor.

A tônica no Sistema Penal num passado recente era esta: A opressão gera oprimidos entre policiais penais e presos. Por sua vez, esses tornam-se opressores entre si. Essa dinâmica tinha sua perversa engrenagem alimentada pela corrupção no andar de cima.

O filósofo francês Étienne de La Boétie em seu famoso livro “O Discurso da Servidão Voluntária” diz: “Os próprios povos que se deixam, ou melhor, que se fazem maltratar, pois seriam livres se parassem de servir. É o próprio povo que se escraviza e se suicida quando, podendo escolher entre ser submisso ou livre, renuncia à liberdade, e aceita o jugo; quando consente com seu sofrimento, ou melhor, o procura”.

Esse trecho retrata a condição humana de subjugar-se aos desvarios dos opressores. Fato é que, depois da ascensão do atual secretário, a SEAP começou a respirar liberdade e avanços. O respeito e a autoridade do policial penal foram fortalecidos. O policial penal percebeu que essa forma de administração lhe trouxe mais benefícios, e a massa carcerária experimenta na prática essa mudança.

Num ambiente de convivência, ainda que instável, pelas razões naturais do que seja manter um indivíduo sob o regime de cumprimento da pena de privação da liberdade, a melhora dessas condições vai, de forma incontestável, impactar a vida dos conviventes e impactou.

Por isso, a categoria está resoluta em não aceitar uma mudança. Liberta do jugo dos (seus pares) opressores, pois eram eles que engendravam a opressão, policiais penais veem numa eventual mudança a possibilidade de ressurgimento daqueles que expiavam seus pecados nos erros alheios.

Étienne explica como se forma e se sustenta essa opressão “que se chegue lá através de favores ou subfavores, os ganhos que se têm com o tirano; ocorre que ao final há tanta gente para quem a tirania é proveitosa, quanto para aqueles para quem a liberdade seria fundamental”.

A defesa da gestão atual não é nada parcial. Tem lastro na percepção dos policiais penais que, distantes desses favores, subfavores ou ganhos, sabem que a liberdade, o respeito e a autoridade para o exercício da atividade policial penal podem e devem ser alicerçadas em condições dignas de trabalho, onde a opressão não seja o modo dissimulado do tirano praticar seus pecados para o dissabor daqueles que preferem que as regras valham para todos.

O governador pode exercer suas prerrogativas, como a substituição do comando da SEAP. Se o fizer, que o faça para o bem do espaço de convivência, e por um policial penal, e para atender interesses públicos inarredáveis. Ao ceder por interesses políticos que visam espoliar os recursos financeiros, e o retorno de práticas nocivas em uma área sensível como o Sistema Penal, é um convite a uma festa que, ao final, “pelo excesso de comida e bebida” dará indigestão.

 

 

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